Estarão as redes sociais a perturbar o nosso sono?
O título pode ser acutilante, mas provavelmente está já a ver onde quero chegar com este post. Quando juntamos na mesma frase “redes sociais” e a palavra “sono” ocorre-lhe certamente um hábito que a generalidade das pessoas incorporou na sua rotina diária. Quantos de vocês verifica o smartphone e as redes sociais assim que acorda e se deixa ficar na cama? E quantos de vocês adormece a fazer exatamente o mesmo?
Esta realidade, que era mais do que expectável visto que os smartphones e a Internet se enraizaram nas nossas vidas durante as últimas décadas, tem sido estudada por diversas universidades. Um dos mais recentes estudos vem da Universidade de Pittsburgh e parece estar muito perto de provar o que temos vindo a desconfiar: verificar as redes sociais antes de dormir pode impactar o nosso descanso, especialmente entre a faixa etária mais jovem.
Ao longo dos próximos parágrafos vamos falar deste estudo, de como foi realizado e das conclusões que foram alcançadas.
As redes sociais impactam mesmo o nosso sono?
O estudo elaborado pela Universidade de Pittsburgh deu enfoque à relação entre a utilização de redes sociais e o sono de jovens adultos entre 19 e 32 anos. A investigação, pioneira em focar-se no estudo da relação entre a nova geração, a internet e as redes sociais, teve em consideração os dados de 1788 jovens norte-americanos.
Esta amostra respondeu a questionários com perguntas sobre os seus hábitos sociais. Fora isto, os padrões de sono de cada um dos participantes foi devidamente analisado durante um certo período de tempo.
É a partir daí que se começam a encontrar algumas conclusões. Os que verificam as redes sociais com frequência eram até três vezes mais propensos a ter menos qualidade de sono do que aqueles que não iam à Internet antes de dormir. O estudo descobriu ainda mais: quem verificava as redes sociais frequentemente durante o dia corria o risco de perturbar até duas vezes mais o seu ciclo de sono do que aqueles que usam este tipo de plataformas menos vezes.
Surge então a questão: então são mesmo as redes sociais as responsáveis pela mudança do nosso sono ou são os padrões menos saudáveis de descanso que encorajam as pessoas a passar mais tempo nas redes?
De acordo com os investigadores, a luz emitida pelos dispositivos eletrónicos pode causar “vontades emocionais, cognitivas e fisiológicas” que nos impulsionam a usar as redes. Passar a noite a publicar também contribui para esse cenário, e já é sabido que procurar constantemente atualizações das redes é muito pior que passar bastante tempo em apenas uma rede social.
Um dos possíveis usos dessas informações passa por ajudar pacientes que estão a sofrer de problemas para dormir. Jessica C. Levenson, autora principal do artigo, admite que um padrão pode ter sido encontrado: “as nossas descobertas podem indicar que a frequência de visitas em redes sociais é uma forma melhor de prever a dificuldade de sono do que o tempo total gasto nas redes”, explicou. “Intervir em casos de ‘verificação obsessiva’ pode ser mais efetivo”.