Sabe quantos sites existem na Coreia do Norte?

No Blog Estratégia Digital falamos sobretudo do valor da Internet e da forma como foi capaz de moldar a sociedade e o mundo. Acima de tudo, vemos a Internet como uma ferramenta capaz de assegurar a liberdade e a democratização da informação. É por isso mesmo que quando vemos este meio a ser usado ou moldado, para atingir propósitos opostos, nos sentimos na obrigação de os denunciar.

Ao longo dos últimos meses já falamos várias vezes sobre a situação da Coreia do Norte. Governada segundo um sistema ditatorial hereditário, a Coreia do Norte aplica atualmente sanções impensáveis que atacam diretamente os direitos do ser humano e a sua liberdade de expressão. Isto para não falarmos dos testes nucleares que tem realizado nos últimos anos, quase como uma ameaça camuflada ao resto do mundo ou as notícias que nos chegam frequentemente sobre execuções.

Onde quero chegar com tudo isto? Bem, é muito simples: a Internet na Coreia do Norte não é aquilo que pensamos. Estão a ver como era a Internet nos anos 1990, quando ainda dava os seus primeiros passos e existiam poucos sites? Bem, em pleno 2016 esta é mais ou menos a situação que podemos encontrar no meio digital norte-coreano.

Como é a Internet na Coreia do Norte?

De acordo com dados que foram divulgados durante um leak, a Coreia do Norte só conta com 28 sites – todos eles, sem excepção, com designs antiquados e básicos. Esta dimensão parece-nos ridícula se compararmos a dimensão digital da Coreia do Norte com aquela de países como a Alemanha (16 milhões de sites registados) e a China (10 milhões de sites registados).

O leak sucedeu-se setembro de 2016, depois de uma falha de segurança na Coreia do Norte que permitiu que os nomes dos servidores do país – todos locais – fossem acidentalmente configurados para permitir transferências de zonas de domínios mundiais. Quer isto dizer que durante algumas horas qualquer pessoa que quisesse copiar todas as informações dos sites do regime de Kim Jong-un podia fazê-lo.

Por mero acaso, o engenheiro de segurança Matt Bryant estava a vigiar a movimentação dos códigos do GitHub, projeto de desenvolvimento de códigos da internet, quando percebeu a falha e a denunciou. Após uma análise rápida, os programadores da plataforma descobriram que só existem 28 sites registados no domínio do país e que são todos relativamente simples, existindo uma página de uma companhia aérea assim como uma rede social exclusiva à população da Coreia do Norte.

Imaginavam-se a viver num país onde a Internet se limita à existência de apenas 28 sites? Para nós isto soa a uma afronta e a uma verdadeira violação da liberdade digital.

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