O fenómeno dos sites de namoro online tomou a Internet de assalto. Com novos utilizadores todos os dias, estas plataformas são bem mais complexas do que parecem. Utilizando a realidade como âncora para o universo online, os sites de encontros estudam compatibilidades para juntar pessoas com os mesmos gostos. Para isso, utilizam um algoritmo com as mais diversas variáveis possíveis e imagináveis.
Neste artigo contamos-lhe a história de Amy Webb, uma empreendedora e fundadora da agência Webbmedia Group para a inovação no meio digital, que lançou a si mesma o desafio de encontrar o amor da sua vida através dos sites de encontros. Leia até ao fim e descubra toda a história da mulher que hackeou o algoritmo de compatibilidade por detrás dos sites de relacionamento online.
Mas, afinal, como é que tudo começou? Amy Webb tinha 30 anos e acabado de sair de um relacionamento. Na altura, os seus objetivos pessoais passavam por casar e ter filhos. No entanto, a hipótese de tal acontecer parecia-lhe remota, já que todo o processo natural de se apaixonar e encontrar a pessoa certa demoraria um certo tempo. Pelas suas contas, se tudo corresse bem, só por volta dos 35 é que conseguiria atingir esses objetivos.
Confrontada com os familiares que a acusavam de ser muito esquisita, Webb decidiu inscrever-se num site de encontros. Uma vez que não gostava de preencher longos questionários, limitou-se a copiar e colar as informações que tinha no currículo. Sim, leu bem: informações profissionais. Resultado: as propostas de encontro não chegaram ou as que chegavam não eram exatamente do seu agrado.
Eis alguns exemplos de sites de relacionamentos como aqueles em que Webb se inscreveu:
O que ainda não lhe dissemos é que a empreendedora é fanática por informação e por tratamento de dados. Depois de algumas más experiências, Amy Webb decidiu usar a sua experiência profissional para criar um método que lhe permitisse encontrar o seu príncipe encantado.
Em vez de encarar os websites como uma plataforma de relacionamento para conhecer pessoas, Webb começou a olhar para os sites de encontros como uma espécie de base de dados que passaria a usar para encontrar o parceiro ideal: alguém de família judaica, que gostasse de tecnologia e que partilhasse a sua paixão por viagens a lugares exóticos.
Para ajudar os utilizadores, a maioria dos websites cria algoritmos que procuram estabelecer compatibilidades.
Apesar de este ser um método aplicado à Internet, a verdade é que não estamos a falar de algo completamente inovador. Consciente ou inconscientemente, todos nós temos critérios que usamos na altura de perceber se alguém é ou não o parceiro ideal. Basta recuar no tempo e olhar para a história para encontrar casamentos reais onde o critério era a riqueza, uma aliança política ou qualquer outro fator.
Mas porque é que estes algoritmos nem sempre são eficazes? O que acontece muitas vezes é que estes critérios têm uma importância diferente para cada um. Se para uns gostar de cinema é fundamental, para outros este é um aspecto secundário. Por este motivo, Amy Webb resolveu criar uma lista de tópicos que considerava importantes no homem que procurava.
Depois de reunir todos os pontos numa lista, a especialista organizou-os por ordem de importância: se alguns eram fundamentais (como ser judeu, por exemplo), outros eram importantes mas não obrigatórios. Em seguida, Amy Webb usou o site de namoro para encontrar a pessoa que correspondia a todos estes tópicos.
Final da história? Não, depois de enviar a mensagem para o príncipe perfeito, o convite para marcar encontro foi rejeitado. Em vez disso, o príncipe preferiu sair com uma rapariga jovem que na descrição se dizia divertida e sorridente. Foi então que Amy Webb finalmente percebeu que o currículo não era, de facto, uma boa isca para captar a atenção dos pretendentes. Conclusão: não basta encontrar a pessoa certa, é necessário que essa pessoa também esteja interessada em nós.
O próximo passo na luta pelo pretendente dos seus sonhos foi fazer um estudo de mercado. Criando 10 perfis falsos, Webb foi capaz de analisar o comportamento das mulheres por quem os homens que ela queria conquistar se sentiam atraídos. Pesquisa feita, a analista chegou a uma série de resultados interessantes: o número de caracteres usados na descrição, as palavras usadas e a fotografia são extremamente importantes.
Aparentemente, os homens gostavam de mulheres com descrições amigáveis e bem escritas, mas que não fossem demasiado intelectuais nem cheias de tecnicismos. As fotografias deviam mostrar um pouco de pele e ser atraentes. A frequência de resposta e o número de caracteres usados também foi analisada.
Reunidos os dados, chegou a hora de trabalhar o seu próprio perfil. Amy Webb eliminou o currículo, editou a descrição e trocou a imagem de pijama por uma com uma roupa mais apresentável. Resultado: pouco tempo depois, chegaram inúmeros convites de encontro.
Mas a história não se podia ficar por aqui. Mas qual é o problema agora? O problema era que nenhum dos novos pretendentes correspondia a critérios suficientes da lista de características que compunham o príncipe perfeito. Acusada novamente pelos familiares de ser demasiado esquisita, Webb decidiu esperar um pouco mais. E foi então que surgiu um homem, Thenevin (na imagem), que conseguiu pontuação suficiente para um primeiro encontro.
Depois de 3 semanas de “negociações” online, ambos os utilizadores do site de encontros saíram para um encontro presencial que acabou por durar 14 horas. Um ano e meio depois, Webb e Thenevin viajaram num cruzeiro em Petra, Jordânia, e Thenevin pediu a jovem em casamento. No espaço de um ano casaram e um ano e meio mais tarde nascia a primeira filha do casal.
Conclusão: segundo Amy Webb, cada um de nós tem o seu próprio algoritmo do amor. E embora os sites de namoro possam ser um bom começo, a verdade é que cabe a cada um decifrar a sua própria fórmula.
Aceda à TED Talk ou clique no vídeo abaixo para assistir à conferência, onde Amy Webb conta a sua história de forma divertida e bem-humorada.
– O impacto dos Sites de Encontro em Portugal